O trabalho de Carlos Amaral é na sua essência uma revelação física da cor da memória e do modo como as imagens se apresentam em nós comprimidas, gravadas e resumidas.
O seu processo de construção parte geralmente de uma matéria escura que preenche a tela na sua totalidade e na qual, através da subtracção de matéria, o artista vai procurando a luz escondida. Esta longa exposição à subtracção da tinta e os vários confrontos entre a matéria escura e o branco da tela produzem a revelação da imagem.
As várias tonalidades ou gradações cromáticas de cinzentos ou azuis-cobalto são uma das características da obra de Carlos Amaral. Os seus trabalhos transportam-nos para estados de alma sombrios, ao representar pessoas em situações limite, despertando em nós um olhar voyeurista, distante e isolado, que nos transporta para cenários onde o tempo é contínuo.
Nas suas temáticas, percorre os vários campos do conhecimento, explorando temas filosóficos, históricos, político-sociais, entre outros. Uma relação mais íntima com o meio, a casa e os objectos que o rodeiam é também parte integrante do seu trabalho. Nas suas pinturas, são representados cenários de isolamento e de forte densidade psicológica.
As obras levam-nos a experienciar paisagens ou expressões enigmáticas que correspondem a representações dramáticas da sociedade em que nos inserimos e onde a intensidade desses sentimentos estéticos é visível ou interpretável.
O artista enquanto criador plasma as ideias nas representações que congemina, através do pensamento e da imaginação, relacionando-as com a sua vida individual ou colectiva, experienciada em contextos pragmáticos e semânticos.