2018.12.24
A Gruta | Projecto colectivo
 
2019.01.17
Quadrado Azul, Lisboa
A Gruta

A gruta é um projecto desenvolvido por Hugo Canoilas com a Galeria Quadrado Azul. Utilizando parte do piso inferior da galeria de Lisboa, A gruta assume-se como uma obra colectiva e uma plataforma experimental que pretende criar comunidade entre um conjunto de artistas, a galeria e o seu público.

Este projecto será desenvolvido por um conjunto heteróclito de autores de diferentes gerações, proveniências geográficas e afiliações artísticas, sociais e políticas, configurando-se como um espaço de convergência da diferença. As contribuições para esta obra oscilam entre intervenções no espaço da gruta, que se vão sobrepondo, e um conjunto de intervenções efémeras que pretendem ampliar as problemáticas evocadas neste projecto.

As paredes d’A gruta carregam um conjunto de forças latentes, para aqueles que ali actuam. Evocam a impressão tóxica sobre o planeta, que não a consegue transformar em natureza. Ao mesmo tempo, remetem para as primeiras impressões humanas sobre o espaço habitado. As pinturas rupestres resultaram de uma nova consciência, que está para além da racional, e que permitiu exteriorizar formas plásticas ritualistas que ainda hoje oferecem resistência a uma determinada leitura e domínio. As primeiras pinturas mostram formas de empatia entre o animal e humano e revelam uma relação não hierárquica entre humanos, animais e plantas, assim como com a montanha, a chuva e outros elementos. O movimento anacrónico que evoca o tempo das pinturas rupestres é um terreno fértil para pensar os aspectos mais prementes do presente, como as novas formas de subjetividade na Quarta Revolução Industrial, a paridade de género e ecologia.

A gruta é um local escuro,ideal para novas cosmogonias se realizarem. Esta obra pretende ser um lugar fértil para novas sensibilidades e práticas se inscreverem no tecido cultural. Com a pretensão de se tornar uma obra colectiva e sem hierarquias, um grupo alargado de autores foram auscultados para se poder desenvolver um espaço-obra através de um conjunto de boas práticas, criando uma não diferenciação entre forma e conteúdo, entre ideias e modus operandi.

O espaço d'A gruta foi projectado e construído por Hugo Canoilas, Vasco Costa e Filipe Feijão, em diálogo com  Ana Vaz que ajudou a desenvolver o espaço conceptualmente como espaço para receber cinema.