A mostra teve como ponto de partida os textos sobre arte escritos por Jean Genet, nos quais este aborda as obras de um escultor (Giacometti), de um pintor (Rembrandt) e de um funambulista (Abdallah Bentaga).
O desejo de prolongar questões relacionadas com a intersecção entre o fazer artístico e a esfera do político, ampliou o âmbito da exposição não só para uma evocação da biografia do escritor, nomeadamente as suas defesas do Black Panther Party, da causa do povo palestiniano e dos direitos dos imigrantes – não esquecendo quer a sua homossexualidade, quer os diversos encarceramentos –, mas também para uma tentativa de trabalhar, através das obras apresentadas, os conceitos de morte, verdade e beleza.
Os trabalhos propostos reflectem assim o diálogo mantido com os artistas e escritores envolvidos na mostra, que terá ainda um catálogo com textos inéditos de Rui Baião e Rui Nunes. Refira-se ainda que knell dobre glas, tal como o título sugere, foi construído tendo como referência o pensamento de Jacques Derrida, nomeadamente o livro Glas, escrito em 1974, o ano da revolução portuguesa, e no qual o filósofo coloca em confronto, em colunas paralelas, Hegel – cujo pensamento dialético constitui uma defesa dos valores representados pela lei, entendida esta como o resultado de uma ética baseada na família, na sociedade civil e no estado – e Genet, a antítese deste corpo social.
Dois outros livros inspiraram o processo de construção de knell dobre glas: Genet, de Edmund White, e Felix Gonzalez-Torres, editado por Julie Ault.