A Galeria
Quadrado Azul tem o prazer de anunciar trees growing shadows casting cars crashing, uma exposição individual de Willem
Weismann que apresenta um novo grupo de pinturas de Willem Weismann, no qual o
artista examina a nossa relação com a natureza e procura um novo lugar para a
humanidade no mundo.
As
exposições anteriores funcionaram mais como uma recolha arqueológica do que é
essencial e do que pode ser descartado na vida, no entanto as novas obras olham
para um amanhã diferente. Concebidas e desenhadas a partir da sua imaginação,
Weismann inclina-se para representações da experiência: em vez de se basear na
interface mediada da fotografia, explora a forma como moldamos e somos moldados
pelo “mundo mais do que humano”; uma expressão cunhada em 1996 pelo ecologista
cultural David Abram para significar a vasta comunidade da vida terrena, que
pretendia indicar que a cultura humana era um subconjunto dentro de um conjunto
maior - que o mundo humano era necessariamente sustentado, rodeado e permeado
pelo mundo mais-do-que-humano – mas que também pretendia encorajar uma nova
humildade por parte da humanidade.
Do mesmo
modo, a “cegueira das plantas”, um termo cunhado pelos educadores botânicos J.
H. Wandersee e E. E. Schussler em 1999, descreve o fenómeno da incapacidade
humana de ver ou reparar nas plantas na vida quotidiana. Refere-se à nossa
incapacidade de reconhecer o papel das plantas na Terra e à crença histórica de
que elas são de alguma forma inferiores aos animais. No trabalho de Weismann há
muito que se tenta encorajar a “cegueira humana”: as figuras têm funcionado caracteristicamente
mais como figurantes do que como personagens principais. São normalmente
obscurecidas ou cortadas e, nesta exposição, estão escondidas atrás de troncos
ou folhas. As plantas de Weismann encontram-se lado a lado com os seres humanos
e, nalgumas pinturas, as árvores são dotadas de uma agência metafórica e são
representadas a salvar a vida de seres humanos de carros em despiste.
As
sombras também escondem figuras do nosso olhar e fazem eco de uma série de
pinturas produzidas uma década antes, em que o artista pintou exclusivamente
com uma tinta de óleo preta feita de um pigmento de carvão. A máxima dos
impressionistas era que o preto não devia ser utilizado na pintura, uma vez que
não existe na natureza. Weismann acentua esta não naturalidade e utiliza
sombras negras para realçar a definição das formas e revelar a qualidade
construída das suas composições. Ao criar estas lacunas disruptivas entre os
tons vibrantes da tela, ocorre um efeito de desarticulação, deixando o
espetador preencher estes espaços obscurecidos, tanto a nível pictórico como
interpretativo.
As
imagens de veículos destruídos e pneus cortados, repetidas numa série de obras,
provocam um desafio ao espetador e incorporam uma perceção derrotista da
aparente futilidade da posição de um indivíduo para afetar qualquer mudança
significativa. Constituem uma resposta visual a How to blow up a pipeline (2021), de Andreas Malm, bem como a The Great Derangement (2016), de Amitav
Ghosh. O primeiro defende a sabotagem como uma forma lógica de ativismo
climático e critica o fatalismo climático, bem como a não-violência e o
pacifismo no movimento de activistas climáticos, enquanto o segundo examina a
nossa incapacidade de compreender a escala e a violência das alterações
climáticas.
Manifestando
o lado destrutivo do processo criativo, as obras de Weismann recordam-nos que
não podemos extrair a nossa existência da natureza ou simplesmente retratá-la
no vazio, recortando-nos a nós próprios e a tudo o que trazemos à existência.
Propõem um novo paradigma.
Esta é a
terceira exposição individual de Weismann na galeria e segue-se a “Flotsam
& Jetsam”, uma exposição dupla com Hugo Canoilas em 2022.
Willem
Weismann vive e trabalha em Londres. Outras exposições recentes incluem “Willem
Weismann / Waldemar Zimbelmann” na Galeria Annarumma, Nápoles, e as exposições
colectivas “Slaap!” no Kunsthal Kade, Amersfoort, Países Baixos, “Les Pays-Bas,
l'autre pays des beaux-arts”, Centre d'Art Contemporain, Meymac, França e “The
Stand Ins: Figurative Painting from the Collection”, Coleção Zabludowicz,
Londres.
Esta exposição foi possível graças ao generoso apoio do Mondriaan Fund.