Inauguração: 7 de Novembro, 17 horas
A Quadrado Azul tem o prazer de apresentar uma nova
intervenção, da autoria de Jannis
Varelas, desenvolvida no contexto do projecto A Gruta, que ocupa a cave
da galeria em Lisboa.
As intervenções nas paredes d’A Gruta fazem parte de um
cadáver-esquisito, onde os seus autores partilham o seu trabalho através de
técnicas de sobreposição, apagamento, transformação e justaposição. Os artistas
convidados a trabalhar no interior da gruta dispõem o seu trabalho sobre
paredes que nos recordam a pegada humana sobre o planeta. Entre o natural e o
artificial, o espaço transporta em si a nuvem negra do Antropoceno, sentida
pelos que nela criam, mas também pelos seus visitantes.
Enquanto obra colectiva, A gruta procura novas
formas de empatia e de transformação dos modos de recepção da obra. A sua
não-arquitetura procura criar condições diametralmente opostas às do cubo
branco da galeria. A sua irracionalidade é uma resposta à necessidade
artística, social e política de expandir a consciência humana, extravasando o racional.
Pensar e agir no Antropoceno será porventura uma experiência
próxima da dos autores que reagiram contra a racionalidade por trás dos desastres
do Holocausto e da bomba atómica, e que procuraram qualidades mais humanas, presentes
em proto-formas de expressividade, como a das crianças num estado
pré-linguístico, assim como uma abertura a outros sistemas de conhecimento e um
melhor entendimento da comunicação em pessoas com perturbações psiquiátricas. O
trabalho de Varelas opera dentro deste espectro - fora do racional - e
transporta-nos para a experiência do comportamento criativo.
A intervenção de Jannis Varelas n' A Gruta é formada por um
conjunto de inscrições - desenhos pintados directamente sobre as paredes. Os temas
- pessoais, encontrados, ou gerados no próprio acto de desenhar - oscilam entre
uma força interior - um sujeito que se transforma num objecto fora de si - e
motivos exteriores ao seu corpo, encontrados ou próximos das formas infantis. A
sua intervenção é formada por um vasto leque de figurações, o que a aproxima de
algumas pinturas parietais em igrejas gregas, que tomam o espaço de forma exaustiva.
No entanto, ao contrário dessas pinturas, estas figurações são repetitivas e
não-hierárquicas, tal como as pinturas do paleolítico. O signo estereotipado é
uma armadilha para aquele que vê, entra na obra e começa a territorializar o
seu sentido, projectando-se sobre ela, no escuro da gruta.
Jannis Varelas (nascido em
1977 na Grécia) vive e trabalha entre Atenas, Los Angeles e Viena e formou-se
no Royal College of Art em Londres (MFA) e na Athens School of Fine Arts (BA).
Exposições individuais recentes incluem: “Anima I”, Benaki Museum , Atenas,
“Novas bandeiras para um novo país”, The Breeder, Atenas (2015); “Sleep My
Little Sheep Sleep”, Centro de Artes Contemporâneas de Cincinnati, Ohio, com
curadoria de Xenia Kalpaktsoglou (2012); “The Oblong Box”, Kunsthalle Athena,
Atenas (2011), com curadoria de Marina Fokidis. A sua obra foi incluída em
exposições colectivas como: Supergood – diálogos com Ernesto de Sousa, MAAT, “Fireflies in the Night Take Wing”, com curadoria de Robert Storr, Centro Cultural
da Fundação Stavros Niarchos, Atenas (2016); “Ametria”, com curadoria de
Roberto Cuoghi, Fundação DESTE e Museu Benaki, Atenas (2015); “Papel - obras da
Coleção Saatchi”, Saatchi Gallery, Londres (2013); "Hell As
Pavillion", Palais de Tokyo, Paris, com curadoria de Nadja Argyropoulou
(2013); “Fruit Fruit: Seleções da Coleção Dakis Joannou”, com curadoria de Jeff
Koons, New Museum, Nova York (2010); “Lebt und arbeitet in Wien III: Stars in a
Plastic Bag”, Kunsthalle Wien, com curadoria de Xenia Kalpaktsoglou, Raphaela
Platow, Olga Sviblova e Angela Stief (2010); New Orleans Biennial Prospect 1,
com curadoria de Dan Cameron, New Orleans (2008); “Destroy Athens”, 1ª Bienal
de Atenas, com curadoria de Xenia Kalpaktzoglou, Poka Yio e Augustine Zenakos,
Atenas (2007).