projecção performativa
30 Março 2019
sessões: 16h | 18h
A Gruta | Projeto coletivo
Galeria Quadrado Azul, Lisboa
Procuro por augúrios enquanto olho teimosamente as ruínas de uma comuna. Por exemplo: “clima favorável aos errantes”. Caminho através dos tempos, gravando erraticamente imagens e sons através da espacialidade caleidoscópica do Alentejo, uma região com nome de rio, para além de um rio. Como caminhar oferece encontros inesperados e copresenças, missivas são enviadas de e para as margens. Por exemplo: “cultivar órgãos para a alternativa”. Os meus sentidos são parciais, precários e fragmentários, mas não a minha orientação: trava-se uma luta quotidiana pelo fulgor e eu quero fazer parte dela. Contra um firmamento de desapropriação de terras, corpos e laços sociais, estamos a preparar-nos. Por exemplo: “De nível!” O fulgor é móvel, a comunidade prefigurada é dispersa e diversa. Através de dissenso e associações de afinidade, autonomia e reencantamento, a oferenda do cinema possibilitar-nos-ia florescer livres de imposições hierárquicas.
Sílvia das Fadas
Oscilando entre as intervenções materiais, que deixam marcas visíveis n’ A Gruta, que se acumulam com o desenvolvimento da obra, são apresentadas obras de carácter mais efémero, sob a forma de projeção de filmes, vídeos, sessões de música, conversas, leituras ou performances.
A primeira destas sessões é desenvolvida por Sílvia das Fadas, e terá lugar no dia 30 de Março no espaço d’A Gruta, na cave da galeria Quadrado Azul, em Lisboa. Sílvia das Fadas apresentará duas projeções performativas de um filme em 16mm, com música gravada e a leitura de um texto. Cada sessão terá a duração de 40 minutos aproximadamente e serão feitas apenas duas sessões – às 16 e às 18 horas, pelo que é necessário reservar lugar dada a lotação da gruta.
Luz, Clarão, Fulgor — Augúrios para um Enquadramento Não Hierárquico e Venturoso
Filme de 16 mm e texto de Sílvia das Fadas
Composições sonoras de pä (pä 2015/2018 1o volume).
Duração: aprox. 40 minutos.
Reservas: lisboa@quadradoazul.pt
Sílvia das Fadas (nascida como Sílvia Salgueiro) é cineasta, investigadora, professora. Estudou cinema e estética, comprometendo-se com a aprendizagem material do cinema no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM) e na Cinemateca Portuguesa em Lisboa. Impulsionada por uma nostalgia militante, mudou-se para Los Angeles, onde continuou a criar os seus filmes documentais em 16mm, no California Institute of the Arts. Trabalhou como investigadora de história visual para a Academy of Motion Picture Arts and Sciences e colaborou com o Los Angeles Filmforum até que o seu visto expirou, mudando-se para Viena em busca de uma vibrante cultura cinematográfica. Trabalhou como projecionista para o Austrian Film Museum, enquanto lecionava na Academia de Belas Artes de Viena, onde atualmente é doutoranda do programa PhD-in-Practice. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian / FLAD, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, e da Akademie Schloss Solitude. Sílvia das Fadas interessa-se pelas políticas intrínsecas às práticas cinematográficas e pelo cinema enquanto experiência colectiva e expandida.