Inauguração: 21 Abril, 16 horas
Três esculturas: Sem título (1968), Sem título (1969) e Curvatura (1971). Três momentos que condensam um período criativo da maior importância no trajeto do escultor Zulmiro de Carvalho. É na tensão entre a receção prolixa da arte minimal americana e a experiência da nova escultura britânica que estas esculturas constituem um exemplo claro da formalização de metodologias que transgridem com assertividade os resistentes cânones da escultura moderna que ainda se arrastavam à época no nosso contexto.
Nestas esculturas, o desenho do vazio é tão importante quanto a presença da forma. Aí reside uma parte substantiva da sua qualidade intrínseca. Zulmiro de Carvalho sempre soube trabalhar com o espaço interno da escultura em articulação com o espaço físico da envolvente, quer natural, quer construída. Diálogo que convoca não só a própria história da arte, como também questiona o tipo de espaço que estas obras habitam. E hoje, com os seus quase cinquenta anos, estas formas mantêm inalteráveis as suas circunstâncias únicas de pertinência e eficácia. Como todos os gestos que perduram, porque necessários.
Zulmiro de Carvalho
Valbom, Portugal, 1940. Vive e trabalha em Gondomar, Portugal.
Formas simples, volumes sóbrios, construções rigorosas e superfícies lisas e cuidadas constituem o vocabulário de Zulmiro de Carvalho, artista que trabalha, desde meados dos anos sessenta, com escultura e desenho, práticas dirigidas por uma constante investigação das formas e da linguagem plástica. São sobretudo conhecidas as esculturas que realizou para espaços exteriores.
A estadia em Londres, entre 1971 e 1973, onde frequentou uma pós-graduação na St. Martin's School of Art, lugar de referência da escultura dessa década e onde leccionavam escultores como Philip King, Anthony Caro ou William Tucker, viria a consolidar determinados elementos de uma gramática minimalista que antes já eram preocupações no seu trabalho: o rigor conceptual, as formas simples e repetitivas, os sistemas geométricos e modulares, a recusa de pedestais, o ambiente perceptivo, o apreço pelos materiais industriais, o abandono da manualidade na execução. Inúmeros materiais vão surgindo ao longo da actividade do escultor dando forma às suas preocupações expressivas: primeiro o metal, depois a pedra (mármore e granito), a madeira, o ferro e o aço corten.