A primeira mostra individual de Willem Weismann em Portugal apresenta uma série de novas pinturas e inclui um ambicioso trabalho de grande escala com 6,4 metros de comprimento, a pintura de maior dimensão alguma vez produzida pelo artista.
Chaîne Opératoire é um conceito da arqueologia e da antropologia cunhado pelo arqueólogo e etnólogo francês André Leroi-Gourhan. A sua definição básica refere-se ao conjunto de processos pelos quais matérias-primas de ocorrência natural são selecionadas, moldadas e transformadas em produtos culturais usáveis. Um exemplo da aplicação deste pensamento seria olhar para a criação de um simples machado de mão como uma forma de abordagem das complexas dimensões sociais, ecológicas e cognitivas destas actividades.
Estes trabalhos cheios de cor revelam cascalho, lixo ou apenas “coisas”, provenientes quer de um passado longínquo, quer dos últimos cinco minutos, a serem trazidas à superfície, como se alguém tivesse limpado um armário do tamanho do planeta. O que pode passar despercebido, à primeira vista, é que o trabalho pode ser desconstruído ainda mais, como se o processo de pintura literal tivesse deixado a sua própria história marcada na tela. Weismann usa a superfície da tela para todas as acções relacionadas com a tinta e o pincel, usando-a como paleta e como local onde os pincéis são limpos. A inclusão de todas as operações relacionadas com o pincel sobre a tela forma um completo resíduo histórico e um ruído reverberante de restos que caíram no esquecimento. As pinturas funcionam como depósitos minerais, como espaço de trabalho, e como amontoados de lixo. Uma combinação que constitui outro capítulo na pesquisa de Weismann em torno do valor de uso, da obsolescência, da inclusão e do desperdício.