“Em Setembro de 2011, um rapaz apresentou-se às autoridades de Berlim, afirmando, no seu relatório, ter vivido os últimos cinco anos na floresta com o seu pai. Após a morte do pai, o rapaz, que diz chamar-se Ray, enterrou o corpo e caminhou em direcção a Norte, como lhe havia dito o pai, acabando por chegar a Berlim.
A mãe do rapaz morrera alguns anos antes, num acidente de carro. O rapaz dizia não saber mais nenhuma informação sobre a sua identidade, como o local de nascimento. Falava inglês, mas essa parecia não ser a sua língua de origem; o seu alemão era limitado.
Depois de nada mais ter descoberto sobre o passado de Ray, e por causa de dúvidas sobre o seu relatório e de questões sobre o financiamento da sua situação, meio ano depois, a polícia publicou a fotografia de Ray. Rapidamente se tornou claro que o rapaz nunca vivera na floresta, mas que fugira da sua antiga vida na Holanda, mudara de nome e de idade e fora viver para Berlim.”
“Na Primavera de 2012, a mãe contou-me, por telefone, que a cabana tinha sido queimada. A cabana foi construída, em 1996, por alguns miúdos da aldeia, entre eles o meu irmão. Na realidade, eles substituíram, no espaço de um ano, a primeira construção por uma segunda, maior. Usavam o local para estarem. Eu próprio, como já vivia na cidade há muitos anos, não tinha muito a ver com ela. Mas, quando os visitava ocasionalmente, tirava fotografias dos miúdos e da cabana. Ao longo dos anos, assisti ao momento em que deixaram de usar a cabana e ao momento em que ela começou a desfazer-se. Boas notícias, pensei eu.”
Since then never again so good é composta por um conjunto de fotografias, realizadas entre 1996 e 2012, e por um livro de artista. O trabalho é parte da pesquisa de Knes sobre a mudança, ao longo do tempo, do significado associado ao lugar.