Nesta exposição, Isabel Carvalho pensa sobre a água, nos seus estados e formas, e como metáfora de fluidez e de solidez, de limite e de infinito, privilegiando o sentido da audição. Reflecte-se ainda, em acepção mais ampla, sobre a decoração como atitude de procura de uma ordem preferencial individual e como exercício de auto-disciplina, na desconstrução e desordenação de lugares definidos e na tentativa de reconstrução e reordenação desses mesmos lugares – espaciais e discursivos.
A mostra é composta por um conjunto de objectos realizados nas indústrias vidreiras remanescentes da Marinha Grande e por uma publicação com desenhos. Estes foram sugeridos pela leitura de textos onde se destaca a fluidez da linguagem, sobretudo pelo conto A tentação de Verónica, a serena, de Robert Musil.
O título escolhido refere-se à localização geográfica, costeira, mas surge também como modo de designar o presente. Como define a artista, Orla é “lugar de encontro e de confronto; linha dinâmica e intensa, em sacudidelas constantes; onde se disputa o território; recorte e configuração em permanente actualização dos limites; é onde se encontra uma grande diversidade de alternativas promissoras; é, numa visão aproximada, uma malha texturada móvel...”.