Esculturas é a segunda exposição individual de António Bolota, na Galeria Quadrado Azul, depois de ter realizado uma intervenção marcante, em 2010, na qual um muro suspenso interrompia a circulação no espaço da galeria. O artista propõe agora uma atenção maior ao objecto enquanto escultura, concebendo duas peças em betão e aço. Em vez de uma massa única, aparecem dois centros que se comunicam. Tratam-se também de elementos que jogam com a ideia de movimento, quer pelas formas que assumem, quer pela disposição no espaço, quer pela circulação que permitem a quem com eles se defronta.
As preocupações recorrentes na prática de Bolota continuam a estar presentes, nomeadamente as relacionadas com as forças que actuam na matéria e no espaço, como o peso, o equilíbrio, a tensão e o movimento, e com a forma de as manipular. Na operação dessas forças, Bolota convoca tanto saberes ligados ao universo da arquitectura e da engenharia, como ideias que se relacionam com a tradição da escultura. Ao artista interessa-lhe a tradição inaugurada por artistas como August Rodin ou Constantin Brancusi que vêm a Escultura como peso e como massa, afirmando a gravidade, a força de atracção das coisas pelo chão.
O minimalismo é também convocado nesta exposição e tem sido uma referência clara na prática de Bolota, pela presença de traços como a especificidade do objecto, a simplicidade das formas, o brilho, pelo recurso a materiais industriais, pela preocupação com o acabamento das peças e com a relação das esculturas com o espaço circundante, com o chão, e com o próprio espectador.