2013.11.28—2014.01.18
Lua - São Francisco - Portalegre - Lisboa - Madeira - Cochim - Chiapas
Rigo 23

Na primeira mostra individual em Lisboa dos últimos cinco anos, Rigo 23 centra-se na natureza trans-geográfica, trans-cultural, trans-temporal e trans-individual da sua produção recente, estando também muito presentes origens pessoais e mitos de identidade nacionais.  

Lua - São Francisco - Portalegre - Lisboa - Madeira - Cochim - Chiapas apresenta como título uma lista de locais que, embora incluindo Lisboa, não têm entre si uma ligação óbvia ou natural. É o movimento do artista em diálogo com estes contextos geográfico-culturais que estabelece uma relação. Trata-se de uma relação que não orienta nem ordena, pelo contrário parece sugerir uma deriva e movimentos constantes, promovidos por uma curiosidade desestruturada e não hierárquica.

O artista apresenta trabalhos resultantes da colaboração com a mãe e com artistas tradicionais nas localidades de Santana, Machico, Camacha e Caniçal, na Ilha da Madeira, e com jovens artistas indianos na cidade de Cochim, no estado de Kerala, onde faleceu Vasco da Gama. Paralelamente, via Portalegre, mostra-nos uma Lua onde co-habitam o rinoceronte de Afonso de Albuquerque, Albrecht Dürer e a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço – EUA) e, via Chiapas, estado do México, revela-nos um pouco do espaço InterGaláctico da EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional – México).

Em termos formais, a exposição é dominada por trabalhos tecidos: ponto cruz, bordado Madeira, bordado Zapatista, tapeçaria; e pela escultura: um barco em esferovite pintado, uma nave feita de troncos reciclados de uma armação de pesca chinesa, e uma outra em cestaria de vime.

Distante do modelo do artista que elabora no seu atelier-laboratório uma pesquisa protegida da cacofonia do mundo, a prática de Rigo vai ao encontro desta multiplicidade, habitando um espaço que é maioritariamente de ligação, uma constelação de afinidades em permanente mutação.
     

Rigo 23 nasceu em 1966, no Funchal, Portugal. Vive e trabalha em São Francisco, Estados Unidos. O activismo pela defesa dos direitos humanos e pelo direito à diferença de comunidades minoritárias percorre as suas propostas. Trabalhando sobre muitos suportes e utilizando uma linguagem plástica eclética, o seu conceptualismo é mais próximo da cultura popular que da erudita. O artista começa o seu percurso nos anos 80, em Lisboa, no contexto da banda desenhada, dos fanzines e dos murais do pós-25 de Abril. Em meados dos anos 80, parte para São Francisco, onde se envolve activamente na pintura de murais, com ligações a comunidades minoritárias. Este meio é uma das formas de intervenção mais característica do artista, embora a calçada, o mosaico em azulejo e, mais recentemente, a escultura, o atraiam cada vez mais. Rigo tem apostado em meios de produção artística inseridos em colectivos temporários e autónomos. Mantém ainda uma produção mais individual no campo da pintura, do desenho, da escultura, da instalação e da produção gráfica.
     

O artista participa actualmente em The Coming Singularity!, no American Visionary Art Museum, Baltimore, EUA, patente até Agosto de 2014.
    

Em 2013, destacam-se as seguintes exposições: 

- Aichi Triennale, Aichi, Japão 

- Auckland Triennial, Auckland, Nova Zelândia 

- Brazilian Customs Snafu, Andrew Edlin Gallery, Nova Iorque, EUA 

- Zizhiqu (Autonomous Regions), Times Museum, Guangzhou, China
      

Em 2012:

- Kochi-Muziris Biennale, Kerala, Índia

- Autonomous InterGalactic Space Program, REDCAT Gallery, Los Angeles, EUA (individual)

- Regionale XII, Murau, Áustria 

- knell dobre glas, Galeria Quadrado Azul, Porto/Lisboa, Portugal
     

Em 2011:

- Tate Wikikuwa Museum: Art and Struggle of Leonard Peltier, Niagara Arts and Culture Center, Nova Iorque, EUA (individual) 

- The Narcissism of Minor Differences, Maryland Institute of Contemporary Art, Maryland, EUA   

- Fifty Years of Bay Area SECA Awards, San Francisco Museum of Modern Art, São Francisco, EUA

- Tribute to 1959, A Certain Lack of Coherence, Porto, Portugal (individual)
     

Em 2010:

- Às Artes Cidadãos!, Museu de Serralves, Porto, Portugal
     

Em 2009:

- The Deeper They Bury Me, The Louder My Voice Becomes, New Museum, Nova Iorque, EUA (individual)

Caniçal, Madeira, 2013. Créditos da imagem: Fernando Alves 
Rumo ao infinito, 2013. Tapete de retalho, esferovite pintado e vídeo executado por Luís Tranquada, 2'18''. 230 x 55 x 60 cm 
Lua - São Francisco - Portalegre - Lisboa - Madeira - Cochim - Chiapas, (Vista da instalação), 2013 
Kaappiri, 2012. Madeira, arame, tijolo burro, manga plástica, cimento e água. Escultura: 535 x 210 x 50 cm / Espelho de água: Dimensões variáveis 
Lua - São Francisco - Portalegre - Lisboa - Madeira - Cochim - Chiapas, (Vista da instalação), 2013 
Viva Alberto Patishtan, 2013. Acrílico sobre parede 
Lua - São Francisco - Portalegre - Lisboa - Madeira - Cochim - Chiapas, (Vista da instalação), 2013 
Viagem da armada de ecos de Cochim a lisboa, 2013. Bordado da Madeira e tinta-da-china sobre pano. 83 x 124 cm