A Galeria Quadrado Azul inaugura no Porto uma exposição individual de Sérgio Taborda, a 18 de Janeiro, às 16 horas. Rua Rosa Luxemburg 15 apresenta um conjunto de gestos-acções materializados em vídeo, esculturas, desenhos de canto e diapositivos. Estes gestos-acções, realizados entre 1998 e 2013, são resgatados agora do silêncio em que permaneceram durante o arco de tempo entretanto decorrido, ao serem reactivados de modos distintos.
Caixatempo (1998-2014) funciona como um ‘contentor de tempo acumulado’. Numa caixa, foram-se empilhando, por um largo ciclo, figuras em plasticina, bronze, cera, porcelana – modeladas e fundidas entre 1998-1999 –, e uma boca modelada em plasticina branca.
Colunas-cabeças de algumas destas figuras são reveladas em duplas (1999-2014), através de grandes planos captados em diapositivos que criam alguns ‘raccords’ com as peças que se encontram depositadas na caixa.
Uma nova série de corner drawings (#38-#47), realizados em Outubro de 2013 em Berlim, reactiva uma outra produzida em Lisboa no início de 2010, e posteriormente mostrada na exposição colectiva formas e forças, que aconteceu na Galeria Quadrado Azul, em 2013 (curadoria de Óscar Faria). São desenhos em grafite e carvão que surgem de um processo diário de voltar ao canto do espaço para o reactivar, envolvendo gestos que exploram uma relação directa entre corpo inteiro e espaço. Estas acções foram-se sedimentando, emergindo agora com uma outra contenção, necessidade e força.
Dois novos pesos para livros abertos, esculturas em bronze realizados em 2012, na Rua Rosa Luxemburg 15, em Berlim, reactivam a série inserida na exposição knell dobre glas, que teve lugar na Galeria Quadrado Azul, em 2012 (curadoria de Óscar Faria). Estas peças, modeladas em plasticina e mais tarde fundidas em bronze com patina branca, actuam sobre os livros abertos em que foram directamente modeladas. Pesos para livros abertos nasce para resolver uma situação com a qual o artista se confrontou quando trabalhava na sua tese de doutoramento: como manter livros abertos em páginas precisas enquanto seleccionava notas.
sequências 5 e 6 resultam de um processo de remontagem no interior de uma cadeia de acontecimentos captados recentemente em vídeo e editados em Berlim (2011-2012). Os trabalhos serão projectados em seis sessões a acontecer nos dias 17 e 25 de Janeiro, 1, 8 e 15 de Fevereiro e 1 de Março.
Sérgio Taborda nasceu em 1958, em Vila Nova de Poiares. Vive e trabalha em Lisboa e Berlim.
A sua prática artística tem-se desenvolvido em paralelo à actividade de estudo e de investigação, existindo intercepções entre as duas. Actualmente, é artista investigador residente no Arsenal – Institut for Film and Video, em Berlim (no âmbito de uma bolsa de investigação de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia –FCT), onde está a desenvolver uma pesquisa nos arquivos de filme e vídeo. Uma escolha feita pelo artista de filmes pertencentes a este arquivo vai ser mostrada no ciclo de filmes e vídeos que terá lugar na Culturgest, Lisboa, em Fevereiro de 2014.
As questões relacionadas com a percepção da imagem, mais especificamente com a noção de acontecimento, têm sido linhas centrais. Os seus mais recentes trabalhos em vídeo, apresentados na Cinemateca, incorporam determinados elementos: uma certa duração; a projecção em sala de cinema; o visionamento por sessões; a sequência; o intervalo. Taborda começou a mostrar os seus trabalhos, em escultura e desenho, em meados da década de 80, tendo depois desenvolvido, com o músico Luís Bragança Gil, uma série de instalações para espaços específicos, explorando a relação entre o desenho, a escultura, a imagem e o som. A sua prática começa a ser orientada por outras preocupações no final dos anos 90, a partir das participações, entre 1996 e 2001, nos simpósios internacionais de desenho, residências que decorrem no Feital e onde os artistas trabalham com o desenho, numa relação estreita com o lugar. É aí que produz um corpo de trabalho em desenho e vídeo que esteve na origem de uma renovação do seu modo de fazer, concentrado daí em diante nesses mediadores – o desenho e o vídeo.
Recentemente, o seu trabalho tem sido mostrado na Galeria Quadrado Azul, Lisboa (2013; 2012); na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Lisboa (2012); no Grimmmuseum, Berlim (2011); na Sala do Veado, Museu Nacional de História Natural, Lisboa (2010); na Nouvelle Librairie Française, Instituto Franco – Português, Lisboa (2009); e no Centro Cultural Emmerico Nines, Sintra (2009).